sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Versos nossos...

O carão não canta mais
Ninguém vê sinal no céu
A abelha deixa o mel
Sem matéria que o faz.
Sertanejo sem ter paz,
Pede ajuda ao Criador,
Mas aumenta sua dor
Quando vê, com emoção,
Caçote lambendo o chão
Da cacimba que secou!




Um jumento estrupiado
Que mal pode com a carroça,
Trilha o caminho da roça
Como se tivesse amarrado.
Carrega um tambor pesado,
Com água pra seu senhor
Pois o lago esturricou...
E o que se vê no sertão:
Caçote lambendo o chão
Da cacimba que secou.




O boi sente no roçado
Falta de terra molhada.
Cheira o chão, não acha nada
Pra fazer seu mastigado.
Com um andar fadigado,
Caminha sentindo dor
E vê, sentindo calor,
Na beira do cacimbão
Caçote lambendo o chão
Da cacimba que secou!
       (Veronica Sobral)


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